SERMÃO SOBRE A EPÍSTOLA DE JUDAS
Judas 1:3-4
“Amados, quando empregava toda diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.
Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformaram em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano Senhor, Jesus Cristo”.
Introdução:
1. Considerações a respeito da fé,
2. Início do Cristianismo
3. Igreja confrontada
4. Primeiros passos do Cristianismo - Responder sempre sobre seu chamado.
5. Maravilhosa porta de Deus para salvar a humanidade.
6. O líder é o primeiro a ser chamado.
1. Defender a fé significa priorizar decisões em defesa das causas urgentes do reino. Vejamos o que o texto nos diz:
“Amados, quando empregava toda diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco” 1:3
1. Escritor dando satisfação aos leitores
2. Trabalhava em algo mais profundo para aquela comunidade
3. Algo mexia com a tranqüilidade daquela comunidade
4. O escritor interrompe sua escrita, pois algo ruim estava acontecendo no seio da igreja
5. O apóstolo sai em defesa da fé
2. Defender a fé significa uma batalha contra infiltrações de ensinamentos ímpios e dissimuladores. Perceba o que o texto nos mostra:
“Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios” 1:4ª
1. Indivíduos dissimuladores, ímpios
2. Com aparência de ovelha
3. Ensinamentos ímpios, fora da palavra
4. Difamam as autoridades e rejeitam o governo.
5. Como esses homens conseguiram se infiltrar na igreja?
6. Eles tinham aparência de ovelha.
3. Defender a fé significa reconhecer em Jesus Cristo suficiência e unicidade.
O texto nos diz:
“transformaram em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano Senhor, Jesus Cristo” 1:4b
1. Esses homens não valorizaram a graça de Cristo
2. Havia negação aos ensinos de Jesus
3. Reconhecer a suficiência de Cristo é entender que sua morte na cruz, paga todo o preço cobrado pelo pecado para nos libertar
4. Sua unicidade nos diz que só ele poderia satisfazer as exigências da morte para nos trazer ressurreição e vida eterna
CONCLUSÃO
No tempo presente ainda encontramos resquícios dessas doutrinas maléficas ao evangelho de Cristo, o servo de Jesus, Judas qualifica tais pessoas como homens ímpios, dissimuladores, enganadores. Gostaria de desafiar você a estar em posição de combate, isto é, sempre pronto para entrar em ação em defesa da fé. As nossas armas são poderosas em Deus para destruir fortalezas.
Uma dessas armas e eu gostaria de mencionar apenas uma, a principal.
AS ESCRITURAS SAGRADAS e o seu conhecimento. Meditar nela de dia e de noite para fazer conforme está escrito.
Que Deus nos abençoe.
Vamos orar nesse instante.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
CONTROVÉRSIAS CRISTOLÓGICAS ( Solon Belo)
INTRODUÇÃO
A questão mais central da fé cristã é aquela que diz respeito ao próprio Jesus Cristo. Desde cedo, os cristãos se puseram a refletir intensamente sobre a pessoa e a identidade do Salvador, motivados, inclusive, por considerações apologéticas e missionárias. Era crucial que eles tivessem bastante clareza sobre aquele que havia se tornado o principal ponto de referência de suas vidas. Partindo dos dados bíblicos, especialmente a descrição que João faz de Cristo como o Logos ou Verbo (Jo 1.1, 14; 1 Jo 1.1; Ap 19.13), houve o florescimento de uma grande diversidade de concepções, muitas das quais foram consideradas pela Igreja como insatisfatórias ou simplesmente errôneas.
Acredito que todas essas controvérsias, apesar de alguns momentos serem acirradas ou levantadas por homens sem credibilidade para fazê-las, tiveram um papel fundamental na vida do cristianismo, e de certa maneira fortaleceram os dogmas, mexeram com a vida social e cultural daqueles povos. Por lado, também serviu de palco para que diversas idéias fossem apresentadas e discutidas, trazendo à tona a efervescência dos sentimentos das bases do cristianismo.
Arianismo - Quarto Século
• Jesus era menos Deus
• Jesus era mais Homem
• Fundador: Ario (250-336 AD)
• Origem em Alexandria, Egito
• Condenada pelo Primeiro Concílio de Nicéia – 325 AD
• Condenada pelo Concílio de Constatinopla – 381 AD
Os Arianos (Ário, condenado em Nicéia em 325 d.C.) negaram a integridade da natureza divina em Cristo. Consideraram o logos que se uniu à humanidade de Jesus Cristo, não como possuidor de divindade absoluta, mas como o primeiro e o mais elevado dos seres criados. Esse ponto de vista originou-se da má interpretação dos relatos escriturísticos do estado de humilhação de Cristo e por confundir a subordinação temporária como desigualdade original e permanente.
ATANÁSIO E O CREDO DE NICÉIA
Atanásio se tornou bispo de Alexandria em 328 d.C. Em 335, pressões políticas tinham convencido o imperador Constantino a readmitir Ário para a comunhão da Igreja. Entretanto, de acordo com as resoluções sobre o governo eclesiástico definidas em Nicéia, somente o bispo de Alexandria poderia readmitir uma pessoa excomungada em sua jurisdição. Essa pessoa, no caso, era Atanásio, e ele se recusou a readmitir Ário. Como resultado, Constantino depôs Atanásio e o baniu de Alexandria. Constantino morreu dois anos depois, em 337.
Atanásio, o grande defensor da fé ortodoxa, passou os próximos anos de sua vida sendo repetidamente banido e readmitido por diferentes imperadores, de acordo com os ventos políticos de cada momento. Ele passou muitos anos escondido em desertos e cavernas do Egito. Atanásio produziu muitos documentos e tratados teológicos, mesmo sendo foragido, e defendeu a ortodoxia até o dia de sua morte em 373.
O novo bispo convocou um sínodo para a reversão da excomunhão e reinstalação de Ário como bispo. Na noite anterior à cerimônia, Ário morreu de causas naturais, o que muitos cristãos viram como sendo o julgamento de Deus sobre o herege.
Após vários imperadores terem sucedido Constantino, em 379 Teodósio, defensor da ortodoxia Nicena, tinha se tornado imperador e convocou outro sínodo na capital do império, em Constantinopla. O sínodo de Constantinopla em 381 expandiu e revisou o Credo de 325 e ratificou a doutrina Nicena, incluindo linguagem ainda mais precisa defendendo a ortodoxia.
O documento produzido é o Credo Niceno que usamos hoje; tecnicamente, o credo é chamado Niceno-Constantinopolitano:
"Cremos em um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim.
E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. E na Igreja una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém".
Apolinarianismo - Quarto Século
• Jesus era pleno Deus
• Jesus era um homem incompleto [apenas parcialmente homem]
• Fundador : Apolinário (350 AD)
• Condenado pelo Concílio de Constantinopla em 381 AD
Os Apolinarianos (Apolinário, condenado em Constantinopla em 381 d.C.) negaram a integridade da natureza humana de Cristo. O apolinarianismo é uma tentativa de construir a doutrina da pessoa de Cristo nas formas do tricotomismo platônico.
O Apolinarismo
Em plena controvérsia ariana, o Bispo Apolinário de Laodicéia (Síria), 310-390, mostrava-se fervoroso defensor do Credo niceno contra os arianos, mas afirmava que em Cristo a natureza humana carecia de alma humana; tomava ao pé da letra as palavras de S. João 1,14: “O Lógos se fez carne”, entendendo carne no sentido estrito, com exclusão de alma. O Lógos de Deus faria as vezes de alma humana em Jesus, isto é, seria responsável pelas funções vitais da natureza humana assumida pelo Lógos.
Os argumentos em favor desta tese eram os seguintes: duas naturezas completas (Divindade e humanidade) não podem tornar-se um ser único; se Jesus as tivesse, Ele teria duas pessoas ou dois eu - o que seria monstruoso. Além disto, dizia, onde há um homem completo, há também o pecado; ora o pecado tem origem na vontade; por conseguinte, Jesus não podia ter vontade humana nem a alma espiritual, que é a sede da vontade.
Apolinário expôs suas idéias no livro “Encarnação do Verbo de Deus”, que ele apresentou ao Imperador Joviano e que os seus discípulos difundiram. - Foram condenadas num sínodo de Alexandria em 362; depois, pelo Papa S. Dâmaso em 377 e 382 e, especialmente, pelo Concílio de Constantinopla I (381). Verificando a oposição que lhe faziam bons teólogos, Apolinário limitou-se a negar a presença de mente (nous) humana em Jesus. S. Gregório de Nissa († 394) e outros autores lhe responderam mediante belo princípio: “O que não foi assumido pelo Verbo, não foi redimido” - o que quer dizer: Deus quer santificar e salvar a natureza humana pelo próprio mistério da Encarnação ou pela união da Divindade com a humanidade; se pois, a humanidade estava mutilada em Jesus, ela não foi inteiramente salva.
Nestorianismo - Quinto Século
• Fundador: Nestor, que foi o Bispo de Constantinopla em 428 AD
• Maria era somente a mãe do homem Jesus, mas não do Emanuel.
• Esta teoria iria dividir a pessoa de Cristo em duas, uma humana e outra divina.
• Heresia Condenada em 431 AD pelo Concílio de Éfeso.
Os Nestorianos (Nestorius, removido do patriarcado de Constantinopla em 431 d.C.) negavam a união real entre a natureza divina e humana de Cristo, tornando-a união moral e não orgânica. Recusaram-se, pois, a atribuir à unidade resultante dos atributos de cada natureza e considerar Cristo como um homem em íntima relação com Deus. Assim, virtualmente sustentaram duas naturezas e duas pessoas, em vez de duas naturezas em uma só pessoa.
São Cirilo de Alexandria (c. 375- 444) foi o Patriarca de Alexandria quando a cidade estava no topo de sua influência e poder dentro do Império Romano. Um dos Padres gregos, Cirilo escreveu extensivamente e foi o protagonista liderante nas controvérsias cristológicas do final do século IV e do século V. Foi uma figura central no Primeiro Concílio de Éfeso, em 431, que levou à deposição de Nestório da posição de Patriarca de Constantinopla. Cirilo é listado entre os Pais e os Doutores da Igreja, e sua reputação no mundo cristão resultou em seus títulos: Pilar da Fé e Selo de Todos os Pais. Entretanto, os bispos nestorianos no Concílio de Éfeso o declararam um herético, rotulando-o como um "monstro, nascido e criado para a destruição da Igreja".
Polêmica com Nestório e Concílio de Éfeso
Entre 427 e 428, Nestório, um monge nativo de Germanícia que vivia em Antioquia, foi elevado ao Patriarcado de Constantinopla. Seguindo a tradição da escola teológica síria, Nestório se opunha ao uso do termo Theotokos (em grego, mãe de Deus) para se referir à Virgem Maria. Cirilo, porém, defendia e incentivava o uso do termo, como consequente da natureza única de Cristo; assim, em 429, escreveu uma carta pascal apoiando o uso do título. Os patriarcas trocaram correspondências, em um tom relativamente moderado. Nestório, então, envia seus sermões ao Papa Celestino I, pedindo sua opinião, mas não obtém resposta. Posteriormente, Cirilo também escreve ao papa, solicitando que decrete sua opinião.
O papa decidiu a favor de Cirilo e delegou ao patriarca alexandrino a autoridade de cassar o episcopado de Nestório e impor um prazo de dez dias para que Nestório apresentasse penitência e arrependimento. Cirilo escreveu a Nestório uma carta, em um tom não conciliatório, exigindo que Nestório apresentasse arrependimento e penitência em dez dias. Além disso, acrescentou à carta doze anátemas que o patriarca bizantino deveria confirmar; esses anátemas, acrescentados pela própria conta de Cirilo, viriam a ser fonte de grande polêmica.
O imperador Teodósio e as igrejas do Leste resistiram ao veredito papal, de modo que Teodósio conclamou um concílio ecumênico para o ano 431, em Éfeso. Nestório chega à cidade logo após a Páscoa; Cirilo, acompanhado de uma grande comitiva, chega por volta do Pentecostes. Cirilo aliou-se a Menon, bispo de Éfeso, e Nestório encontra todas as igrejas fechadas, além da oposição dos efésios.
Enquanto isso, João de Antioquia atrasara, assim como os enviados do papa, que determinariam se Nestório poderia ou não participar no Concílio. Cirilo temia que João atuasse em favor de Nestório e que estivesse tentando ganhar tempo para seu adversário. Assim, no dia 22 de junho, antes da chegada dos emissários papais e dos bispos do Leste, Cirilo abriu o concílio, na posição de presidente e representante papal (embora não tivesse sido comissionado para tal representação ante o conselho), a despeito do pedido de sessenta e oito bispos e de Candidiano, o representante imperial, para que aguardasse. Esses bispos e o representante do Imperador acabaram excluídos do concílio. Cirilo também mandou quatro bispos convocarem Nestório, para que ele se explicasse, mas o patriarca de Constantinopla não os recebeu.
Sem a participação dos sessenta e oito bispos, dos bispos do leste que ainda não chegaram, de Nestório e de Candidiano, o Concílio foi unânime: as cartas de Cirilo foram declaradas compatíveis com o Credo Niceno e a doutrina dos Pais da Igreja. Houve uma condenação unânime, sem discussão e uniforme até mesmo no estilo, a Nestório, que deveria ser deposto e excomungado. Entretanto, em 26 ou 27 de junho, João e sua comitiva de bispos chegaram a Éfeso. Depois de se reunirem com Candidiano, João e os demais bispos do Leste declararam outro concílio, que condenaria Cirilo e Mênon por apolinarianismo e eunomeanismo através de outros doze anátemas. Em resposta, Cirilo e Mênon declaram a deposição de João de Antioquia.
Enquanto isso, o caos toma Éfeso. Mênon fecha as igrejas aos bispos orientais e guarnece a catedral da cidade; Candidiano tenta tomá-la, com as tropas do Imperador, mas fracassa. O conflito entre os partidários de Cirilo e de Nestório chega às raias da violência física. Teodósio buscava o acordo entre as partes, fosse por argumentação ou por intimidação; concedeu amplos poderes a seus representantes efésios e chegou a promover um concílio alternativo, nos arredores de Éfeso, com alguns representantes de cada facção. Entretanto, os orientais não cediam aos argumentos, e os católicos, em maior número e com apoio papal, rejeitavam a reconciliação. Após três tumultuados meses, Teodósio dissolve o concílio e ameaça destituir Cirilo, João e Mênon. Depois de algum tempo sob custódia, Cirilo e João retornam a suas dioceses; o imperador adota a posição de Cirilo, e Nestório é deposto e exilado, primeiro em Antioquia, depois em Petra e posteriormente no Grande Oásis do Egito.
Em 432, morre o papa Celestino I; seu sucessor, Sixto III, corrobora o resultado do concílio presidido por Cirilo. Sixto tenta convencer João a entrar em acordo com o patriarca alexandrino; o patriarca de Antioquia resiste, mas acaba se reconciliando com Cirilo. Após o concílio, Cirilo escreveu ainda vários tratados, cartas e sermões. Foi patriarca alexandrino até a sua morte, em 9 ou 27 de junho 444; seu patriarcado se estendeu por trinta e dois anos.
Eutiquianos
Os Eutiquianos (condenados em Calcedônia em 451 d.C.) negaram a distinção e coexistência de duas naturezas e afirmaram uma mistura de ambas em uma que constitui uma terceira natureza. Desde que, neste caso, o divino deve sobrepujar o humano, segue-se que o humano foi, na verdade, absorvido ou transformado na natureza divina, embora o divino não fosse a todos os respeitos o mesmo, após a união, como fora antes. Daí, os Eutiquianos terem sido muitas vezes chamados monofisistas, porque virtualmente reduziram duas naturezas em uma.
Leão I Papa. É o seu pontificado significativo por ter nele sido descrita a asserção do episcopado universal do Bispo de Roma (o Papa), apoiando-se nos versículos do Evangelho segundo São Mateus 16:16-19. Leão I proclamou, então, que o pontífice era a autoridade suprema da Igreja no mundo, alegando ser o herdeiro de Pedro. Neste momento, o papado estava extremamente atrelado à política, já que os bispos de Roma precisavam da aprovação do imperador para a sagração... A partir de seu pontificado, os papas passaram a se considerar sucessores de Pedro. Desta maneira, poderiam exercer sua autoridade não só sobre os fiéis, mas também sobre todos os outros bispos. Ao controlar os bispos da Itália, Leão I impôs a uniformidade da prática pastoral, corrigiu abusos, resolveu disputas e concordou que ele deveria parar de interferir na nomeação de bispos de outras dioceses, alegando que ele poderiam ser eleitos pelo clero, pelos principais leigos locais e ter a eleição ratificada pelo povo. Igualmente fica marcado pela defesa do conceito teológico fundamental de que Jesus Cristo teve duas naturezas distintas, a humana e a divina.
Pelagianismo - Quinto Século
• Fundador: Pelágio, um Monge Irlandês.
• Os seres humanos não recebem o pecado original de Adão.
• Nós nos tornamos pecadores apenas quando nos unimos a uma sociedade pecadora. Aprendemos a pecar pelos maus exemplos que vemos.
• Negava que pudéssemos receber a Justiça de Deus através do Sacrifício de Jesus no Calvário.
• Tornamos-nos justos apenas seguindo o exemplo de Cristo e recebendo a instrução religiosa correta.
Pelagianismo
A doutrina de Pelágio alcançou grande repercussão em sua época e conseguiu um elevado número de adeptos. Isso, provavelmente, em virtude da importância que era dado, no Pelagianismo, à vontade humana: nos locais onde sobrevivia o estoicismo (que estimulava a energia humana) e Pelagianismo foi bem acolhido.
Necessário se faz lembrar que o Pelagianismo, na época de então, era uma proposta contrária, uma forte reação contra os gnósticos-maniqueus. Pois, em conformidade com a sua tese, Pelágio não atribuía a salvação no Espírito Santo. A tese de Pelágio é o oposto: o homem não deve atribuir a salvação no Espírito Santo.
Acrescente-se a esta motivação o fato de que Pelágio gozava de elevada reputação em alguns círculos da alta classe romana convertida ao cristianismo, pela integridade e autenticidade do seu comportamento. Seu ascetismo, a vivência de exigências morais aliados a um grande talento de atrair as pessoas foram decisivas para a difusão de sua doutrina.
Os 3 (três) principais expoentes do Pelagianismo são: Pelágio, Celéstio e Juliano de Eclano. Pelágio é considerado o pai da doutrina – causa da origem do nome Pelagianismo, Juliano de Eclano, bispo de Apulia (Itália), era filho do bispo Ménor, casado com a filha do bispo de Benevento Juliano é considerado o arquiteto do sistema pelagiano.
CONCLUSÃO
Durante toda a história do cristianismo a igreja sempre teve que dar respostas rápidas e eficazes para que heresias ou rumos indevidos fossem corrigidos a tempo, ou antes, que danos maiores fossem causados ao reino de Deus. Não obstante devemos reconhecer que durante todo esse tempo da igreja, sempre houve uma aproximação maléfica de governos, que se achegaram a ela, não para aprender com ela aquilo que tinha de bom ou divino, mas sim para servir de massa de manobra e controlá-la a partir de medos políticos. É bom também salientar, por outro lado, que líderes religiosos sempre tiveram uma fascinação muito grande por poder político, e esse é sempre um relacionamento que historicamente faz muito mais mal do que bem.
A questão mais central da fé cristã é aquela que diz respeito ao próprio Jesus Cristo. Desde cedo, os cristãos se puseram a refletir intensamente sobre a pessoa e a identidade do Salvador, motivados, inclusive, por considerações apologéticas e missionárias. Era crucial que eles tivessem bastante clareza sobre aquele que havia se tornado o principal ponto de referência de suas vidas. Partindo dos dados bíblicos, especialmente a descrição que João faz de Cristo como o Logos ou Verbo (Jo 1.1, 14; 1 Jo 1.1; Ap 19.13), houve o florescimento de uma grande diversidade de concepções, muitas das quais foram consideradas pela Igreja como insatisfatórias ou simplesmente errôneas.
Acredito que todas essas controvérsias, apesar de alguns momentos serem acirradas ou levantadas por homens sem credibilidade para fazê-las, tiveram um papel fundamental na vida do cristianismo, e de certa maneira fortaleceram os dogmas, mexeram com a vida social e cultural daqueles povos. Por lado, também serviu de palco para que diversas idéias fossem apresentadas e discutidas, trazendo à tona a efervescência dos sentimentos das bases do cristianismo.
Arianismo - Quarto Século
• Jesus era menos Deus
• Jesus era mais Homem
• Fundador: Ario (250-336 AD)
• Origem em Alexandria, Egito
• Condenada pelo Primeiro Concílio de Nicéia – 325 AD
• Condenada pelo Concílio de Constatinopla – 381 AD
Os Arianos (Ário, condenado em Nicéia em 325 d.C.) negaram a integridade da natureza divina em Cristo. Consideraram o logos que se uniu à humanidade de Jesus Cristo, não como possuidor de divindade absoluta, mas como o primeiro e o mais elevado dos seres criados. Esse ponto de vista originou-se da má interpretação dos relatos escriturísticos do estado de humilhação de Cristo e por confundir a subordinação temporária como desigualdade original e permanente.
ATANÁSIO E O CREDO DE NICÉIA
Atanásio se tornou bispo de Alexandria em 328 d.C. Em 335, pressões políticas tinham convencido o imperador Constantino a readmitir Ário para a comunhão da Igreja. Entretanto, de acordo com as resoluções sobre o governo eclesiástico definidas em Nicéia, somente o bispo de Alexandria poderia readmitir uma pessoa excomungada em sua jurisdição. Essa pessoa, no caso, era Atanásio, e ele se recusou a readmitir Ário. Como resultado, Constantino depôs Atanásio e o baniu de Alexandria. Constantino morreu dois anos depois, em 337.
Atanásio, o grande defensor da fé ortodoxa, passou os próximos anos de sua vida sendo repetidamente banido e readmitido por diferentes imperadores, de acordo com os ventos políticos de cada momento. Ele passou muitos anos escondido em desertos e cavernas do Egito. Atanásio produziu muitos documentos e tratados teológicos, mesmo sendo foragido, e defendeu a ortodoxia até o dia de sua morte em 373.
O novo bispo convocou um sínodo para a reversão da excomunhão e reinstalação de Ário como bispo. Na noite anterior à cerimônia, Ário morreu de causas naturais, o que muitos cristãos viram como sendo o julgamento de Deus sobre o herege.
Após vários imperadores terem sucedido Constantino, em 379 Teodósio, defensor da ortodoxia Nicena, tinha se tornado imperador e convocou outro sínodo na capital do império, em Constantinopla. O sínodo de Constantinopla em 381 expandiu e revisou o Credo de 325 e ratificou a doutrina Nicena, incluindo linguagem ainda mais precisa defendendo a ortodoxia.
O documento produzido é o Credo Niceno que usamos hoje; tecnicamente, o credo é chamado Niceno-Constantinopolitano:
"Cremos em um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim.
E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. E na Igreja una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém".
Apolinarianismo - Quarto Século
• Jesus era pleno Deus
• Jesus era um homem incompleto [apenas parcialmente homem]
• Fundador : Apolinário (350 AD)
• Condenado pelo Concílio de Constantinopla em 381 AD
Os Apolinarianos (Apolinário, condenado em Constantinopla em 381 d.C.) negaram a integridade da natureza humana de Cristo. O apolinarianismo é uma tentativa de construir a doutrina da pessoa de Cristo nas formas do tricotomismo platônico.
O Apolinarismo
Em plena controvérsia ariana, o Bispo Apolinário de Laodicéia (Síria), 310-390, mostrava-se fervoroso defensor do Credo niceno contra os arianos, mas afirmava que em Cristo a natureza humana carecia de alma humana; tomava ao pé da letra as palavras de S. João 1,14: “O Lógos se fez carne”, entendendo carne no sentido estrito, com exclusão de alma. O Lógos de Deus faria as vezes de alma humana em Jesus, isto é, seria responsável pelas funções vitais da natureza humana assumida pelo Lógos.
Os argumentos em favor desta tese eram os seguintes: duas naturezas completas (Divindade e humanidade) não podem tornar-se um ser único; se Jesus as tivesse, Ele teria duas pessoas ou dois eu - o que seria monstruoso. Além disto, dizia, onde há um homem completo, há também o pecado; ora o pecado tem origem na vontade; por conseguinte, Jesus não podia ter vontade humana nem a alma espiritual, que é a sede da vontade.
Apolinário expôs suas idéias no livro “Encarnação do Verbo de Deus”, que ele apresentou ao Imperador Joviano e que os seus discípulos difundiram. - Foram condenadas num sínodo de Alexandria em 362; depois, pelo Papa S. Dâmaso em 377 e 382 e, especialmente, pelo Concílio de Constantinopla I (381). Verificando a oposição que lhe faziam bons teólogos, Apolinário limitou-se a negar a presença de mente (nous) humana em Jesus. S. Gregório de Nissa († 394) e outros autores lhe responderam mediante belo princípio: “O que não foi assumido pelo Verbo, não foi redimido” - o que quer dizer: Deus quer santificar e salvar a natureza humana pelo próprio mistério da Encarnação ou pela união da Divindade com a humanidade; se pois, a humanidade estava mutilada em Jesus, ela não foi inteiramente salva.
Nestorianismo - Quinto Século
• Fundador: Nestor, que foi o Bispo de Constantinopla em 428 AD
• Maria era somente a mãe do homem Jesus, mas não do Emanuel.
• Esta teoria iria dividir a pessoa de Cristo em duas, uma humana e outra divina.
• Heresia Condenada em 431 AD pelo Concílio de Éfeso.
Os Nestorianos (Nestorius, removido do patriarcado de Constantinopla em 431 d.C.) negavam a união real entre a natureza divina e humana de Cristo, tornando-a união moral e não orgânica. Recusaram-se, pois, a atribuir à unidade resultante dos atributos de cada natureza e considerar Cristo como um homem em íntima relação com Deus. Assim, virtualmente sustentaram duas naturezas e duas pessoas, em vez de duas naturezas em uma só pessoa.
São Cirilo de Alexandria (c. 375- 444) foi o Patriarca de Alexandria quando a cidade estava no topo de sua influência e poder dentro do Império Romano. Um dos Padres gregos, Cirilo escreveu extensivamente e foi o protagonista liderante nas controvérsias cristológicas do final do século IV e do século V. Foi uma figura central no Primeiro Concílio de Éfeso, em 431, que levou à deposição de Nestório da posição de Patriarca de Constantinopla. Cirilo é listado entre os Pais e os Doutores da Igreja, e sua reputação no mundo cristão resultou em seus títulos: Pilar da Fé e Selo de Todos os Pais. Entretanto, os bispos nestorianos no Concílio de Éfeso o declararam um herético, rotulando-o como um "monstro, nascido e criado para a destruição da Igreja".
Polêmica com Nestório e Concílio de Éfeso
Entre 427 e 428, Nestório, um monge nativo de Germanícia que vivia em Antioquia, foi elevado ao Patriarcado de Constantinopla. Seguindo a tradição da escola teológica síria, Nestório se opunha ao uso do termo Theotokos (em grego, mãe de Deus) para se referir à Virgem Maria. Cirilo, porém, defendia e incentivava o uso do termo, como consequente da natureza única de Cristo; assim, em 429, escreveu uma carta pascal apoiando o uso do título. Os patriarcas trocaram correspondências, em um tom relativamente moderado. Nestório, então, envia seus sermões ao Papa Celestino I, pedindo sua opinião, mas não obtém resposta. Posteriormente, Cirilo também escreve ao papa, solicitando que decrete sua opinião.
O papa decidiu a favor de Cirilo e delegou ao patriarca alexandrino a autoridade de cassar o episcopado de Nestório e impor um prazo de dez dias para que Nestório apresentasse penitência e arrependimento. Cirilo escreveu a Nestório uma carta, em um tom não conciliatório, exigindo que Nestório apresentasse arrependimento e penitência em dez dias. Além disso, acrescentou à carta doze anátemas que o patriarca bizantino deveria confirmar; esses anátemas, acrescentados pela própria conta de Cirilo, viriam a ser fonte de grande polêmica.
O imperador Teodósio e as igrejas do Leste resistiram ao veredito papal, de modo que Teodósio conclamou um concílio ecumênico para o ano 431, em Éfeso. Nestório chega à cidade logo após a Páscoa; Cirilo, acompanhado de uma grande comitiva, chega por volta do Pentecostes. Cirilo aliou-se a Menon, bispo de Éfeso, e Nestório encontra todas as igrejas fechadas, além da oposição dos efésios.
Enquanto isso, João de Antioquia atrasara, assim como os enviados do papa, que determinariam se Nestório poderia ou não participar no Concílio. Cirilo temia que João atuasse em favor de Nestório e que estivesse tentando ganhar tempo para seu adversário. Assim, no dia 22 de junho, antes da chegada dos emissários papais e dos bispos do Leste, Cirilo abriu o concílio, na posição de presidente e representante papal (embora não tivesse sido comissionado para tal representação ante o conselho), a despeito do pedido de sessenta e oito bispos e de Candidiano, o representante imperial, para que aguardasse. Esses bispos e o representante do Imperador acabaram excluídos do concílio. Cirilo também mandou quatro bispos convocarem Nestório, para que ele se explicasse, mas o patriarca de Constantinopla não os recebeu.
Sem a participação dos sessenta e oito bispos, dos bispos do leste que ainda não chegaram, de Nestório e de Candidiano, o Concílio foi unânime: as cartas de Cirilo foram declaradas compatíveis com o Credo Niceno e a doutrina dos Pais da Igreja. Houve uma condenação unânime, sem discussão e uniforme até mesmo no estilo, a Nestório, que deveria ser deposto e excomungado. Entretanto, em 26 ou 27 de junho, João e sua comitiva de bispos chegaram a Éfeso. Depois de se reunirem com Candidiano, João e os demais bispos do Leste declararam outro concílio, que condenaria Cirilo e Mênon por apolinarianismo e eunomeanismo através de outros doze anátemas. Em resposta, Cirilo e Mênon declaram a deposição de João de Antioquia.
Enquanto isso, o caos toma Éfeso. Mênon fecha as igrejas aos bispos orientais e guarnece a catedral da cidade; Candidiano tenta tomá-la, com as tropas do Imperador, mas fracassa. O conflito entre os partidários de Cirilo e de Nestório chega às raias da violência física. Teodósio buscava o acordo entre as partes, fosse por argumentação ou por intimidação; concedeu amplos poderes a seus representantes efésios e chegou a promover um concílio alternativo, nos arredores de Éfeso, com alguns representantes de cada facção. Entretanto, os orientais não cediam aos argumentos, e os católicos, em maior número e com apoio papal, rejeitavam a reconciliação. Após três tumultuados meses, Teodósio dissolve o concílio e ameaça destituir Cirilo, João e Mênon. Depois de algum tempo sob custódia, Cirilo e João retornam a suas dioceses; o imperador adota a posição de Cirilo, e Nestório é deposto e exilado, primeiro em Antioquia, depois em Petra e posteriormente no Grande Oásis do Egito.
Em 432, morre o papa Celestino I; seu sucessor, Sixto III, corrobora o resultado do concílio presidido por Cirilo. Sixto tenta convencer João a entrar em acordo com o patriarca alexandrino; o patriarca de Antioquia resiste, mas acaba se reconciliando com Cirilo. Após o concílio, Cirilo escreveu ainda vários tratados, cartas e sermões. Foi patriarca alexandrino até a sua morte, em 9 ou 27 de junho 444; seu patriarcado se estendeu por trinta e dois anos.
Eutiquianos
Os Eutiquianos (condenados em Calcedônia em 451 d.C.) negaram a distinção e coexistência de duas naturezas e afirmaram uma mistura de ambas em uma que constitui uma terceira natureza. Desde que, neste caso, o divino deve sobrepujar o humano, segue-se que o humano foi, na verdade, absorvido ou transformado na natureza divina, embora o divino não fosse a todos os respeitos o mesmo, após a união, como fora antes. Daí, os Eutiquianos terem sido muitas vezes chamados monofisistas, porque virtualmente reduziram duas naturezas em uma.
Leão I Papa. É o seu pontificado significativo por ter nele sido descrita a asserção do episcopado universal do Bispo de Roma (o Papa), apoiando-se nos versículos do Evangelho segundo São Mateus 16:16-19. Leão I proclamou, então, que o pontífice era a autoridade suprema da Igreja no mundo, alegando ser o herdeiro de Pedro. Neste momento, o papado estava extremamente atrelado à política, já que os bispos de Roma precisavam da aprovação do imperador para a sagração... A partir de seu pontificado, os papas passaram a se considerar sucessores de Pedro. Desta maneira, poderiam exercer sua autoridade não só sobre os fiéis, mas também sobre todos os outros bispos. Ao controlar os bispos da Itália, Leão I impôs a uniformidade da prática pastoral, corrigiu abusos, resolveu disputas e concordou que ele deveria parar de interferir na nomeação de bispos de outras dioceses, alegando que ele poderiam ser eleitos pelo clero, pelos principais leigos locais e ter a eleição ratificada pelo povo. Igualmente fica marcado pela defesa do conceito teológico fundamental de que Jesus Cristo teve duas naturezas distintas, a humana e a divina.
Pelagianismo - Quinto Século
• Fundador: Pelágio, um Monge Irlandês.
• Os seres humanos não recebem o pecado original de Adão.
• Nós nos tornamos pecadores apenas quando nos unimos a uma sociedade pecadora. Aprendemos a pecar pelos maus exemplos que vemos.
• Negava que pudéssemos receber a Justiça de Deus através do Sacrifício de Jesus no Calvário.
• Tornamos-nos justos apenas seguindo o exemplo de Cristo e recebendo a instrução religiosa correta.
Pelagianismo
A doutrina de Pelágio alcançou grande repercussão em sua época e conseguiu um elevado número de adeptos. Isso, provavelmente, em virtude da importância que era dado, no Pelagianismo, à vontade humana: nos locais onde sobrevivia o estoicismo (que estimulava a energia humana) e Pelagianismo foi bem acolhido.
Necessário se faz lembrar que o Pelagianismo, na época de então, era uma proposta contrária, uma forte reação contra os gnósticos-maniqueus. Pois, em conformidade com a sua tese, Pelágio não atribuía a salvação no Espírito Santo. A tese de Pelágio é o oposto: o homem não deve atribuir a salvação no Espírito Santo.
Acrescente-se a esta motivação o fato de que Pelágio gozava de elevada reputação em alguns círculos da alta classe romana convertida ao cristianismo, pela integridade e autenticidade do seu comportamento. Seu ascetismo, a vivência de exigências morais aliados a um grande talento de atrair as pessoas foram decisivas para a difusão de sua doutrina.
Os 3 (três) principais expoentes do Pelagianismo são: Pelágio, Celéstio e Juliano de Eclano. Pelágio é considerado o pai da doutrina – causa da origem do nome Pelagianismo, Juliano de Eclano, bispo de Apulia (Itália), era filho do bispo Ménor, casado com a filha do bispo de Benevento Juliano é considerado o arquiteto do sistema pelagiano.
CONCLUSÃO
Durante toda a história do cristianismo a igreja sempre teve que dar respostas rápidas e eficazes para que heresias ou rumos indevidos fossem corrigidos a tempo, ou antes, que danos maiores fossem causados ao reino de Deus. Não obstante devemos reconhecer que durante todo esse tempo da igreja, sempre houve uma aproximação maléfica de governos, que se achegaram a ela, não para aprender com ela aquilo que tinha de bom ou divino, mas sim para servir de massa de manobra e controlá-la a partir de medos políticos. É bom também salientar, por outro lado, que líderes religiosos sempre tiveram uma fascinação muito grande por poder político, e esse é sempre um relacionamento que historicamente faz muito mais mal do que bem.
RESENHA DO LIVRO "DEUS NO ESPELHO DAS PALAVRAS" (Solon Belo)
RESENHA LIVRO
“DEUS NO ESPELHO DAS PALAVRAS”
O autor
Antônio Carlos de Melo Magalhães, um dos mais respeitados teólogos protestantes do Brasil, fez seus estudos teológico no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, doutor em Teologia pela Faculdade de Teologia Evangélica da Universidade de Hamburg, Alemanha, diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, Professor Doutor da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, na Pós-graduação em Literatura e Interculturalidade e no departamento de Filosofia e Ciências Sociais. magalhães.uepb@gmail.com
A Obra
O autor, partindo da relação intrínseca entre fé cristã e literatura, estabelece o diálogo entre teologia e narrativa literária como algo fundamental para a compreensão e o desenvolvimento do próprio cristianismo. E isto se dá não apenas pelo fato de que este seja considerado uma religião do livro (Bíblia), mas antes pelo alcance que seus escritos, contos, narrativas, poesias etc. tiveram sobre a produção literária ocidental e como esta se tornou intérprete de elementos essenciais da fé cristã.
A Estrutura
O livro “Deus no Espelho das Palavras” foi escrito em oito capítulos, cada capítulos com diversas sub-divisões, tendo o foco narrativo voltado para a questão da teologia e literatura em 257 páginas.
Introdução
Durante todo o processo da introdução do livro o autor estabeleceu sempre uma explanação entre os textos teológicos bíblicos como literatura e como isso se disseminou na cultura ocidental. Mostrou relações do cristianismo com judaísmo e islamismo. Falou de maneira crítica sobre o êxodo hebreu, mostrando que a libertação do povo através da instrumentalidade de Moisés, implicou na perda de terras por parte do povo caananita. Da maneira como o tema do êxodo hebreu foi levantado pelo autor de “Deus no Espelho das Palavras” nos acorda para o fato de que o povo que ora estava em cativeiro é trazido para uma terra a qual, por sua vez, já tinha dono, deixando-nos uma percepção de perda.
A influência da igreja na arte sempre foi vista com certa desconfiança por parte dos artistas de literatura, devido à capacidade estética e ética da igreja ao longo da história no ocidente. Isso já traçava um roteiro de certa dificuldade da teologia como literatura. Para ratificar essa afirmação, o autor traz a citação de Marx: “ a presença da igreja nos relacionamentos é sinal de putrescência”, tal era a influência que a religião tinha nas artes e de como ela começava a ser rejeitadas pelos artistas. O autor faz uma amostragem do comportamento da religião nos grandes movimentos históricos das artes, como: iluminismo, romantismo. O autor estabelece em sua escritura sempre uma interação entre a religião e as artes em todos os movimentos históricos das artes no continente europeu, ora escravizando, ora libertando, ou melhor dizendo, dando sentido. Diz que a influência da religião nas artes, era uma influência nociva, como afirmavam muitos intelectuais da época. Traz alguns exemplos práticos desses vários conflitos ocorridos entre a religião e arte. Analisa o episódio acontecido em 1943 no aniversário de Alfred Doblin, quando o escritor fez referência a influência exercida da igreja em sua obra, muitas pessoas deixaram imediatamente o local do evento como protesto a colocação de Doblin. Diversos cuidados devem ser tomado, segundo o autor, para que não haja transferência de problemas de interpretação do contexto europeu para a nossa realidade latina.
Enquanto os intelectuais europeus vêem uma influência danosa da religião nas artes, a ponto de rejeitá-la, os americanos vêem a bíblia como o berço do pensamento ocidental, se por um lado, a crítica da escola européia se concentra mais no uso que as igrejas fizeram e fazem do material narrativo bíblico e no tipo de religião construído nas bases da ortodoxia, por outro, os dois norte-americanos (Harold Bloom e Jack Miles) se preocupam muito mais em constatar nas origens das narrativas bíblica uma herança literária ímpar na história do ocidente.
O autor faz uma viagem ao início do cristianismo para nos falar da crítica feita pela teologia a arte e a poesia, mais precisamente com os teólogos Tertuliano, Jerônimo e Agostinho, que usavam a filosofia como interlocutora para o fazer teológico.
Na comparação entre arte e fé, o autor faz um pequeno trocadilho para nos facilitar e explicar esse conceito: “se para uma tese apresentada Deus é um péssimo principio literário, para antítese, a arte é um péssimo principio de fé”
Menção importante é dada ao livro “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freire, dizendo que o livro em parte é uma sociologia da religião, e que Freire lançou mão de diversos recursos da literatura, para fundamentar suas teses. Magalhães diz que ainda não temos criado um diálogo entre literatura e teologia em nosso continente. Vejamos a citação do escritor Pedro Trigo: em primeiro lugar, a igreja está realmente fora do processo de transformação social, em segundo lugar, deve-se ao caráter liberal e positivista dos autores. O autor faz referencia a obra de Trigo dizendo que a imagem de Deus estaria associada ao patrão branco, e isso traria muitas dificuldades para um melhor entendimento entre a população das questões teológicas.
Ver os textos bíblicos como obra literária ao longo da história tem sido uma dificuldade muito grande por parte dos exegetas, que muitas vezes estão tão presos as questões teológicas que não conseguem enxergar ou não percebem nas passagens bíblicas, textos como uma de literatura. Magalhães em toda a sua escritura nesse livro demonstra o tempo inteiro a importância de se ler a bíblia tendo essa percepção.
O autor faz citação de diversos escritores que trouxeram em seus escritos ou em sua obra marcas importantes dos textos das sagradas escrituras, como na obra de Milton, onde é demonstrado que o mesmo usou de diversos símbolos e personagem bíblicos no seu escrito, ficando assim percebido a influência da literatura bíblica na vida deste autor.
A bíblia como obra literária: hermenêutica literária dos textos bíblicos em diálogo com a teologia, o autor cita algumas teses em comum em escritores que usaram a literatura bíblica em suas teorias: 1- A bíblia é interpretada como obra literária, o que implica em lê-la a partir das teorias literárias apropriadas, levando em conta tramas, personagens, estética, densidade narrativa. 2- A bíblia é lida em sua pluralidade de narrativas mas a partir de certa continuidade que existe nas biografias de seus personagens. 3- A bíblia é considerada obra basilar da literatura ocidental, emprestando-lhe temas, técnicas, personagens fortes, tramas sucintas mas cheia de suspense e criatividade.
O autor nos informa que em muitos países do mundo a bíblia nunca foi vista como obra literária e que no Brasil também sempre foi assim encarada. Na verdade muitos autores apresentam divergências na interpretação da bíblia como literatura. Enquanto uns louva a javista como gênio literário, outros não estão preocupados com a visão parcial do texto.
Sobre a questão teopoética Magalhães nos traz a citação de Rubem Alves: “a poética não é somente um objeto material a ser estudado pela teologia, mas o melhor meio de resgatar verdades essenciais da fé cristã e as formas como apresentá-las”.
Em fim, o autor traz sempre a figura do êxodo como um paradigma muito forte fundante da tradição judaico-cristã, devido a isso, jamais a teologia poderá ser acusada de cuidar apenas dos limites eclesiásticos. Os limites da igreja e da teologia são os limites do mundo.
Magalhães fala de um método onde a Bíblia e a tradição se tornam interlocutoras do diálogo, mas deixam de ser “normativas únicas do saber teológico”. Propõe o seu método, que chama de “método da correspondência”. Neste, a teologia dialoga com a literatura numa relação de igualdade sem que se percam as suas respectivas especificidades.
Assim descreve seu método: a cada elemento considerado da revelação na Bíblia e na tradição teológica, podem ser associados um ou mais na literatura mundial. A cada narrativa considerada compreensão da fé, há que se associar outra na experiência das pessoas e nas interpretações literárias.
Para Magalhães “Deus tramita no espelho das palavras” e não apenas na Bíblia e na tradição. Sendo assim, a literatura pode oferecer uma autêntica leitura teológica da vida.
Da forma como foi escrita essa obra, isto é, numa linguagem bastante acadêmica a recomendo apenas para estudantes afins e teólogos, pois os seus textos são voltados para um entendimento dos textos bíblicos como literatura e uma abordagem de textos literários numa visão teológica.
Referência Bibliográfica
MAGALHÃES, Antonio, Deus no Espelho das Palavras; Teologia e Literatura em Diálogo, 2ª. Ed. São Paulo: Paulinas, 2009.257p.
“DEUS NO ESPELHO DAS PALAVRAS”
O autor
Antônio Carlos de Melo Magalhães, um dos mais respeitados teólogos protestantes do Brasil, fez seus estudos teológico no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil, doutor em Teologia pela Faculdade de Teologia Evangélica da Universidade de Hamburg, Alemanha, diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, Professor Doutor da Universidade Estadual da Paraíba-UEPB, na Pós-graduação em Literatura e Interculturalidade e no departamento de Filosofia e Ciências Sociais. magalhães.uepb@gmail.com
A Obra
O autor, partindo da relação intrínseca entre fé cristã e literatura, estabelece o diálogo entre teologia e narrativa literária como algo fundamental para a compreensão e o desenvolvimento do próprio cristianismo. E isto se dá não apenas pelo fato de que este seja considerado uma religião do livro (Bíblia), mas antes pelo alcance que seus escritos, contos, narrativas, poesias etc. tiveram sobre a produção literária ocidental e como esta se tornou intérprete de elementos essenciais da fé cristã.
A Estrutura
O livro “Deus no Espelho das Palavras” foi escrito em oito capítulos, cada capítulos com diversas sub-divisões, tendo o foco narrativo voltado para a questão da teologia e literatura em 257 páginas.
Introdução
Durante todo o processo da introdução do livro o autor estabeleceu sempre uma explanação entre os textos teológicos bíblicos como literatura e como isso se disseminou na cultura ocidental. Mostrou relações do cristianismo com judaísmo e islamismo. Falou de maneira crítica sobre o êxodo hebreu, mostrando que a libertação do povo através da instrumentalidade de Moisés, implicou na perda de terras por parte do povo caananita. Da maneira como o tema do êxodo hebreu foi levantado pelo autor de “Deus no Espelho das Palavras” nos acorda para o fato de que o povo que ora estava em cativeiro é trazido para uma terra a qual, por sua vez, já tinha dono, deixando-nos uma percepção de perda.
A influência da igreja na arte sempre foi vista com certa desconfiança por parte dos artistas de literatura, devido à capacidade estética e ética da igreja ao longo da história no ocidente. Isso já traçava um roteiro de certa dificuldade da teologia como literatura. Para ratificar essa afirmação, o autor traz a citação de Marx: “ a presença da igreja nos relacionamentos é sinal de putrescência”, tal era a influência que a religião tinha nas artes e de como ela começava a ser rejeitadas pelos artistas. O autor faz uma amostragem do comportamento da religião nos grandes movimentos históricos das artes, como: iluminismo, romantismo. O autor estabelece em sua escritura sempre uma interação entre a religião e as artes em todos os movimentos históricos das artes no continente europeu, ora escravizando, ora libertando, ou melhor dizendo, dando sentido. Diz que a influência da religião nas artes, era uma influência nociva, como afirmavam muitos intelectuais da época. Traz alguns exemplos práticos desses vários conflitos ocorridos entre a religião e arte. Analisa o episódio acontecido em 1943 no aniversário de Alfred Doblin, quando o escritor fez referência a influência exercida da igreja em sua obra, muitas pessoas deixaram imediatamente o local do evento como protesto a colocação de Doblin. Diversos cuidados devem ser tomado, segundo o autor, para que não haja transferência de problemas de interpretação do contexto europeu para a nossa realidade latina.
Enquanto os intelectuais europeus vêem uma influência danosa da religião nas artes, a ponto de rejeitá-la, os americanos vêem a bíblia como o berço do pensamento ocidental, se por um lado, a crítica da escola européia se concentra mais no uso que as igrejas fizeram e fazem do material narrativo bíblico e no tipo de religião construído nas bases da ortodoxia, por outro, os dois norte-americanos (Harold Bloom e Jack Miles) se preocupam muito mais em constatar nas origens das narrativas bíblica uma herança literária ímpar na história do ocidente.
O autor faz uma viagem ao início do cristianismo para nos falar da crítica feita pela teologia a arte e a poesia, mais precisamente com os teólogos Tertuliano, Jerônimo e Agostinho, que usavam a filosofia como interlocutora para o fazer teológico.
Na comparação entre arte e fé, o autor faz um pequeno trocadilho para nos facilitar e explicar esse conceito: “se para uma tese apresentada Deus é um péssimo principio literário, para antítese, a arte é um péssimo principio de fé”
Menção importante é dada ao livro “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freire, dizendo que o livro em parte é uma sociologia da religião, e que Freire lançou mão de diversos recursos da literatura, para fundamentar suas teses. Magalhães diz que ainda não temos criado um diálogo entre literatura e teologia em nosso continente. Vejamos a citação do escritor Pedro Trigo: em primeiro lugar, a igreja está realmente fora do processo de transformação social, em segundo lugar, deve-se ao caráter liberal e positivista dos autores. O autor faz referencia a obra de Trigo dizendo que a imagem de Deus estaria associada ao patrão branco, e isso traria muitas dificuldades para um melhor entendimento entre a população das questões teológicas.
Ver os textos bíblicos como obra literária ao longo da história tem sido uma dificuldade muito grande por parte dos exegetas, que muitas vezes estão tão presos as questões teológicas que não conseguem enxergar ou não percebem nas passagens bíblicas, textos como uma de literatura. Magalhães em toda a sua escritura nesse livro demonstra o tempo inteiro a importância de se ler a bíblia tendo essa percepção.
O autor faz citação de diversos escritores que trouxeram em seus escritos ou em sua obra marcas importantes dos textos das sagradas escrituras, como na obra de Milton, onde é demonstrado que o mesmo usou de diversos símbolos e personagem bíblicos no seu escrito, ficando assim percebido a influência da literatura bíblica na vida deste autor.
A bíblia como obra literária: hermenêutica literária dos textos bíblicos em diálogo com a teologia, o autor cita algumas teses em comum em escritores que usaram a literatura bíblica em suas teorias: 1- A bíblia é interpretada como obra literária, o que implica em lê-la a partir das teorias literárias apropriadas, levando em conta tramas, personagens, estética, densidade narrativa. 2- A bíblia é lida em sua pluralidade de narrativas mas a partir de certa continuidade que existe nas biografias de seus personagens. 3- A bíblia é considerada obra basilar da literatura ocidental, emprestando-lhe temas, técnicas, personagens fortes, tramas sucintas mas cheia de suspense e criatividade.
O autor nos informa que em muitos países do mundo a bíblia nunca foi vista como obra literária e que no Brasil também sempre foi assim encarada. Na verdade muitos autores apresentam divergências na interpretação da bíblia como literatura. Enquanto uns louva a javista como gênio literário, outros não estão preocupados com a visão parcial do texto.
Sobre a questão teopoética Magalhães nos traz a citação de Rubem Alves: “a poética não é somente um objeto material a ser estudado pela teologia, mas o melhor meio de resgatar verdades essenciais da fé cristã e as formas como apresentá-las”.
Em fim, o autor traz sempre a figura do êxodo como um paradigma muito forte fundante da tradição judaico-cristã, devido a isso, jamais a teologia poderá ser acusada de cuidar apenas dos limites eclesiásticos. Os limites da igreja e da teologia são os limites do mundo.
Magalhães fala de um método onde a Bíblia e a tradição se tornam interlocutoras do diálogo, mas deixam de ser “normativas únicas do saber teológico”. Propõe o seu método, que chama de “método da correspondência”. Neste, a teologia dialoga com a literatura numa relação de igualdade sem que se percam as suas respectivas especificidades.
Assim descreve seu método: a cada elemento considerado da revelação na Bíblia e na tradição teológica, podem ser associados um ou mais na literatura mundial. A cada narrativa considerada compreensão da fé, há que se associar outra na experiência das pessoas e nas interpretações literárias.
Para Magalhães “Deus tramita no espelho das palavras” e não apenas na Bíblia e na tradição. Sendo assim, a literatura pode oferecer uma autêntica leitura teológica da vida.
Da forma como foi escrita essa obra, isto é, numa linguagem bastante acadêmica a recomendo apenas para estudantes afins e teólogos, pois os seus textos são voltados para um entendimento dos textos bíblicos como literatura e uma abordagem de textos literários numa visão teológica.
Referência Bibliográfica
MAGALHÃES, Antonio, Deus no Espelho das Palavras; Teologia e Literatura em Diálogo, 2ª. Ed. São Paulo: Paulinas, 2009.257p.
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